Cortiça Mitos e Curiosidades

Sabia que uma única rolha de cortiça pode apresentar um balanço de até -562g de CO2?

Que a cortiça era usada no Antigo Egito e que serve para produzir energia? Sabia que diversos estudos científicos demonstram que os consumidores associam a cortiça a vinhos de qualidade superior

Descubra tudo o que sempre quis saber sobre a cortiça.

O descortiçamento é o processo ancestral de extração da casca do sobreiro - a cortiça. Este trabalho é feito por profissionais especializados, com uma precisão absoluta, recorrendo a uma única ferramenta: o machado.

Esta operação delicada decorre entre maio e agosto, quando a árvore se encontra numa fase mais ativa do crescimento e a casca é mais facilmente retirada do tronco. A extracção de cortiça é o trabalho agrícola, sazonal, mais bem pago do mundo.

Ao longo da sua vida, o sobreiro pode ser descortiçado cerca de 17 vezes, com intervalos de pelo menos nove anos, o que significa que a exploração de cortiça durará, em média, 150 anos.

O primeiro descortiçamento chama-se desboia e dele obtém-se a cortiça virgem, que apresenta uma estrutura muito irregular e uma dureza que a torna difícil de trabalhar.

Nove anos depois, aquando do segundo descortiçamento, a cortiça, designada de secundeira, já tem uma estrutura regular, menos dura.

A cortiça destas duas primeiras extrações é imprópria para o fabrico de rolhas, sendo utilizada em aplicações para isolamentos, pavimentos, objetos decorativos, entre outros.

A partir do terceiro descortiçamento e seguintes obtém-se a cortiça amadia ou de reprodução. Só esta apresenta uma estrutura regular, com costas e barriga lisas, e com as características ideais para a produção de rolhas naturais de qualidade.

O primeiro descortiçamento ocorre quando o sobreiro tem 25 anos e o tronco tenha atingido um perímetro de 70 centímetros, medidos a 1,5 metros do solo. Os descortiçamentos posteriores são feitos com um intervalo de pelo menos nove anos.

Não. Os descortiçamentos são realizados manualmente e sem recorrer ao abate das árvores. Aliás, o sobreiro realiza um processo original de autorregeneração da casca, o que atribui um caráter excecionalmente sustentável à atividade de extração da cortiça.

Não. Depois do descortiçamento, as pranchas são empilhadas em estruturas próprias e permanecerão ao ar livre durante pelo menos seis meses para que a cortiça estabilize. Este processo rege-se pelo cumprimento rigoroso do Código das Práticas Rolheiras.

Um sobreiro vive, em média, 170 a 200 anos.

Do sobreiro nada se desperdiça, todos os seus componentes têm uma utilidade ecológica ou económica:

  • A bolota, fruto do sobreiro, é utilizada como propagação da espécie e também como forragem para animais e para o fabrico de óleos culinários;
  • As folhas são utilizadas como forragem e fertilizante natural;
  • O material que resulta da poda das árvores e os exemplares mais decrépitos fornecem lenha e carvão vegetal;
  • Os taninos e os ácidos naturais existentes na madeira da árvore são usados em produtos químicos e produtos de beleza.

O mais antigo e mais produtivo sobreiro existente no mundo é o Assobiador, em Águas de Moura, no Alentejo. Plantado em 1783, este sobreiro tem mais de 14 metros de altura e 4,15 metros de perímetro do tronco. Deve o seu nome ao som originado pelas numerosas aves canoras que abriga na sua ramagem. Desde 1820, já foi descortiçado mais de vinte vezes. Em 1991, o seu descortiçamento resultou em 1200 kg de cortiça, mais do que a produção registada pela maioria dos sobreiros em toda a sua vida. Só esta extração deu origem a mais de cem mil rolhas.

O sobreiro é uma árvore perene da família das Fagáceas (Quercus suber), a que também pertencem o castanheiro e o carvalho. Existem 465 espécies de Quercus, principalmente em regiões temperadas e subtropicais do Hemisfério Norte. A cortiça extrai-se da espécie Quercus suber L.

O sobreiro pode ser semeado, plantado ou propagar-se espontaneamente, como acontece com frequência nos montados, graças às bolotas que caem no solo.

O sobreiro é originário da Bacia do Mediterrâneo Ocidental, onde encontra as condições ideais para o seu crescimento:

  • Solos arenosos sem calcário, com baixo nível de azoto e fósforo, elevado nível de potássio e valores de pH entre 4,8 e 7,0;
  • Precipitação de 400-800 mm por ano;
  • Temperatura entre -5º C e 40º C;
  • Altitude de 100-300 m.

Na Grécia Antiga, os sobreiros eram reverenciados como símbolo de Liberdade e Honra. Por isso, só os sacerdotes tinham permissão para cortar estas árvores.

Este facto deve-se à alta especialização necessária para que a extração de cortiça seja feita sem danificar este activo precioso.

Não. O genoma do Quercus suber L é o mesmo, pelo que não existem diferenças significativas consoante a origem. No entanto, observam-se diferenças individuais de árvore para árvore.

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